quarta-feira, 20 de junho de 2018

FUNDAMENTO - Intervenção urbana de Mametu Nangetu (teaser)




Mametu Nangetu refaz, em "Fundamento", o bosque por ela plantado desde 1988, bosque que foi ironicamente derrubado pela prefeitura de Belém quando da implantação da via ecológica na av. Duque de Caxias. Nangetu recria o marco da presença do terreiro na proximidade dessa esquina, e resiste às tentativas de apagamento de memória das tradições de matriz africana na cidade.
Kiua Nangetu! Poéticas visuais de resistência negra - é um projeto de vivências poéticas, intervenções midiáticas e outras intervenções urbanas com artistas do terreiro ”Mansu Nangetu" e artistas de outros terreiros convidados, com obras e poéticas oriundas do cotidiano das práticas tradicionais dessa comunidade de terreiro afro-amazônico e seus parceiros, para acontecer durante o mês de maio de 2015, mês de encerramento das comemorações dos 10 anos de criação do Instituto Nangetu.
O projeto Kiua Nanguetu! foi contemplado na 3ª edição do Prêmio Nacional de Expressões Culturais Afro-brasileiras, tem a parceria entre a Fundaçãpo Cultural Palmares e o Centro de Apoio ao Desenvolvimento Osvaldo dos Santos e Neves (Cadon), e patrocínio da Petrobrás que premiou 25 projetos de artistas, grupos e companhias que atendam à estética negra nos segmentos dança, artes visuais, teatro e música.
1 comentário

Yrapuan Nascimento
1 ano atrás
mukuiu ni zambi

quinta-feira, 14 de junho de 2018

"Todo o amor que houver nessa vida e algum veneno anti-monotonia” ou: Ruminescência ou: O amor em ritornelo


Apreendi a palavra "ruminescência"  sob estado visionário do ser




Ritornelo/Bolero

Tudo gira & volta pro mesmo lugar
Mas nunca o mesmo...

Saímos por ai & voltamos para casa
Mas nunca igual a quando partimos...

Pois dançamos no caminho...
    sofremos no caminho...

       sorrimos no caminho...Todo o amor que houver nessa vida e algum veneno anti-monotonia” – Cazuza

http://texturadoabismo.blogspot.com/2017/01/ritornelobolero.html

Isso tamém....este adendo é meu....grato, spin
*Vocês estão prestes a ler um texto em compassos ternários, para ser sussurrado em semibreves a ouvidos delicados, ou declamado em fusas na praça pública a ouvidos delirantes
Se a filosofia significa literalmente amor à sabedoria, convém dizer: os filósofos também amam. Se muito ou pouco e de que forma, isto depende do filósofo, claro… Platão filosofou e amou, Nietzsche e Espinosa também, cada um ao seu modo. Deleuze e Guattari criaram o belíssimo conceito de Ritornelo, e isto nos permite conjugar o amor dentro da gramática da música.

Sobre ritornelo: nas ações de Yoann Bourgeois

On est bien assis - Entretien avec Yoann Bourgeois from MC2: Grenoble on Vimeo.

O conceito de ritornelo no mito de Sisifo: como sair da prisão

Pesquisa sobre ritornelo....o que é fita de Moebius

“Bichos”, a obra viva de Lygia Clark



lygia
Podemos considerar a série “Bichos” a melhor produção artística feita por Lygia Clark, mas para entendê-los é preciso conhecer os motivos de sua pesquisa visual e suas produções anteriores à série.
Criado já o grupo Neoconcreto no Rio de Janeiro, as pesquisas tomam como ponto de partida a geometria suprematista de Malevich (1879-1935),  também utilizada pelo Concretistas de são paulo, porém com um cunho mais emocional. E 1959 Lygia começa a criar quadros onde sua intenção era ultrapassar os limites da superfície, por vezes até mesmo a moldura do quadro era pintado para fazer parte da obra. Levaram o nome de”Unidades”. Nessas obras a artista exercitava a criação da “linha orgânica”, uma linha virtual que surgia com a aproximação ou até mesmo a sobreposição de formas simples como um quadrado.

O ritornelo na arte de Lygia Clark

Um singular estado de arte

SUELY ROLNIK
ESPECIAL PARA A FOLHA

São Paulo, domingo, 15 de maio de 1994 (1). Deitada no chão, olhos vendados, alvoroço de corpos anônimos agitando-se em torno de mim, não sei o que pode vir a acontecer. Perda total de referências, apreensão, desassossego. Estou entregue. Pedaços de corpos sem imagem destacam-se, ganham autonomia e começam a agir sobre mim: bocas anônimas abrigam carretéis de máquina de costura, cujas linhas lambuzadas de saliva, são ruidosamente desenroladas por mãos igualmente anônimas, para depositá-las logo em seguida sobre meu corpo.

Coberta pouco a pouco dos pés à cabeça por um emaranhado de linhas, composição improvisada de bocas e mãos que me cercam, vou perdendo medo de diluir a imagem de meu corpo, me diluir: começo a ser este emaranhado-baba. O som dos carretéis girando nas bocas parou. As mãos agora se embrenham nesta espécie de molde úmido e quente que me envolve para retirá-lo até que nada mais reste. Meus olhos são desvendados. Volto para o mundo visível. No fluxo do emaranhado-baba, plasmou-se um novo corpo, um novo rosto, um novo eu.

Estou atordoada. O que é isto que me aconteceu?

Procuro pistas nos textos da própria Lygia, que sempre me soaram como os mais precisos para dizer o indizível de sua obra. Detenho-me especialmente no período em que Lygia cria a "obra" que me aconteceu, à qual deu o nome Baba Antropofágica (1973), que se inicia logo após seus famosos Bichos (1964): os últimos 24 anos de sua produção, quando torna-se (deliberadamente) inviável expor seus objetos em museus, galerias, salas ou salões. Que sentido teria expor carretéis, por exemplo, sem esta experiência que descrevi?

Sobre ritornelo: o moto continuo da felicidade

Sobre movimento de ritornelo: Yoann Bourgeois, o homem sem gravidade

"(...) Filosofia chinesa


Sua obra, influenciado pela música, especialmente fugas de Bach, mas também as melodias assombrosas de Marin Marais é como resultado de variações em torno de uma questão central: como encontrar o seu lugar no espaço e uma forma de apaziguamento, de equilíbrio, no caos que nos rodeia? "Eu estou procurando o que os taoístas chamam de Wu-Wei e que nós impropriamente traduzimos como não-ação quando não é um estado passivo, mas sim o momento final quando reconciliamos o corpo e a mente, a gravidade e leveza ", analisa Yoann Bourgeois (...)"

Segue link para artigo original



Ritornelo: "Amor não falta"



         Dizíamos que a história da má compreensão da filosofia confunde-se com a história dos mal-entendidos sobre o amor. No entanto, toda uma tradição clássica e medieval que pensara o amor como falta encontrará na modernidade ora sua reafirmação, ora os lampejos de seus primeiros desvios.

         Em um texto sobre O amigo, Giorgio Agamben pergunta-se sobre o significado do sintagma “eu te amo”. O fato de que “eu te amo” não tenha recebido até hoje nenhuma definição satisfatória constituiria o indício de que a afirmação tem caráter performativo; isto é, seu significado coincidiria com o ato de seu proferimento.

Ritornelo e amar: Por um amor nuvem....

DEVIR NUVEM – POR UM AMOR LEVE, por Rafael Trindade



Sombra, silêncio ou espuma.
Nuvem azul
Que arrefece.
Amor – Secos & Molhados
-por Vinicius Lopes e Rafael Trindade
Brincamos de descobrir as formas das nuvens… mas é exatamente isso: uma brincadeira. É uma realidade que inventamos, nos permitimos mergulhar neste hiato sem a promessa de partir e a desculpa para ter que voltar. Brincamos, porque há de se brincar. As nuvens não têm forma, não têm dever, elas têm devir. Nuvens não se deixam prender por barreiras, elas passam por cima das limitações. Isso angustia? Mas elas vivem tão bem, leves e livres. O vento sopra as transfigura e as leva, fechamos os olhos e vemos claramente. Vemos isso e queremos ser elas, ou pelo menos ter a sua companhia.

Diálogos entre Filosofia e Arte: O amor em ritornelo

Yoann Bourgeois, o homem sem gravidade

ritornelo
substantivo masculino
  1. 1.
    hist.mús refrão, frase repetida em cantos ou versos, como nos madrigais italianos dos sXIV e XV.
  2. 2.
    hist.mús nos concertos clássicos, retorno da orquestra completa, depois do trecho de solista ou da parte de um concertino.


"(...)

Ritornelo
Dentre os conceitos que nascem deste encontro, o ritornelo talvez seja um dos mais expressivos. Dizemos isto porque, ao descrever o movimento do ritornelo, no capítulo 11 de Mil platôs “Acerca do ritornelo” (volume 4 da tradução brasileira), Deleuze e Guattari elaboram plasticamente o movimento mesmo da repetição da diferença.

Via Yoann Bourgeois, o homem sem gravidade, isso se nos apresenta: o ritornelo









"(... Seguiremos com Deleuze e Guattari apenas para abandoná-los, seu tema exige variação, são cadências onde improvisamos a nós mesmos. Mas antes nos deixaremos ser contaminados por sua filosofia, contagiados por sua vibrações; tocaremos sua música, ressoando com outros conceitos, e buscaremos entender o que querem dizer com ritornelo.

O ritornelo é a experiência da improvisação no jazz, é o sair de casa, sair do tema e, a partir disso, experimentar as possíveis linhas de fuga em cima do território criado. É sair pela porta, dizer “já volto“, dar uma volta no quintal, ver o quarteirão ao lado, continuar andando e voltar a si somente a quilômetros de casa. É criar frases que vão cada vez mais longe, não como o filho pródigo, mas como os animais que migram mas retornam exatamente ao mesmo local.

Saiba mais

https://razaoinadequada.com/2017/03/12/deleuze-ritornelo-e-o-jazz/


Moto contínuo

Acho que já saimos da área do spin performer e entramos na filosofia....ou não...






Um moto-contínuo ou máquina de movimento perpétuo (o termo em latim perpetuum mobile também é comum) são classes de máquinas hipotéticas as quais reutilizariam indefinidamente a energia gerada por seu próprio movimento.
É consenso científico que moto-contínuos são impossíveis de serem construídos, pois violariam a primeira ou a segunda lei da termodinâmica. Os princípios da termodinâmica são tão bem estabelecidos, tanto teoricamente quanto experimentalmente, que propostas de moto-contínuos são universalmente vistas com descrença pelos físicos.
Um moto-contínuo (mecânico) além de violar as lei da termodinâmica violaria também a chamada Lei Áurea da Mecânica, segundo a qual o trabalho aplicado é igual ou maior que o trabalho realizado.
Apesar do fato de moto-contínuos serem fisicamente impossíveis de existir, em termos do atual entendimento das leis da Física, a busca por tais dispositivos permanece popular.

Ouroborus ou: Ruminescência ou: Ritornelo, filosofia, dervixes, deleuze, moto continuo, eternidade, repetição, ritornelo, retorno



O que é o Ouroboros:

OuroborosOuroboros é um símbolo místico que representa o conceito da eternidade, através da figura de uma serpente (ou dragão) que morde a própria cauda.

Com base na semiótica, a representação circular do ouroboros simboliza a constante evolução e movimento da vida, além de outros significados como a autofecundação, a ressurreição, a criação, a destruição e a renovação.

Etimologicamente, a palavra ouroboros se originou a partir da junção dos termos gregos ourá, que significa “cauda”, e boros, que quer dizer “comer” ou “devorar”.

Também conhecido como oroboro ou uróboro, este símbolo esteve presente em diversas culturas e religiões ao longo dos séculos. Tradicionalmente, o ouroboros é usado como representação da criação do Universo e de tudo aquilo que é tido como eterno e infinito. 

Atualmente, o símbolo do ouroboros é bastante utilizado como uma opção de tatuagem, representando justamente a ideia original da renovação, da eternidade e do ciclo da vida.

Origem do Ouroboros
O primeiro registro conhecido do ouroboros está presente num texto funerário do Antigo Egito, encontrado no túmulo do imperador Tutankhamun. Para os egípcios, este símbolo era a representação da união de Ra (deus do sol) e Osiris (deus da vida, da morte e da ressurreição), significando o conceito do começo e do fim de uma era.

A criação deste símbolo estaria relacionada com a alquimia, uma ciência mística que, entre outras finalidades, buscava encontrar o “elixir da vida e da imortalidade”.

Saiba mais sobre o significado da Alquimia.

A representação da serpente do ouroboros costuma ser interpretada de forma negativa pelo cristianismo, pois este animal representa os seres infernais, de acordo com os textos canônicos.

Mas, vale ressaltar que a criação do ouroboros pertence às culturas pré-cristãs que, neste caso, atribuíam um significado positivo ao símbolo: evolução, reconstrução, fecundação e mudança.

Ao longo do tempo, o símbolo do ouroboros foi absorvido por outras culturas, religiões e doutrinas místicas, como no gnosticismo, o budismo, a maçonaria e algumas religiões africanas, por exemplo.

Mesmo estando presente em diferentes culturas e assumindo interpretações distintas, a base do seu significado consiste na ideia da criação eterna e continua.

Ver também: o significado do Símbolo do Infinito.

Assistindo aos videos de Yoann cheguei a isso

Dead Can Dance - Song of the Stars (Pina version)

Assistindo aos videos de Yoann me lembrei de Débora Colcker

Alguém aqui já assistiu ao espetáculo "Nós", da Companhia de Dança Deborah Colker?

Seria nós, de grupo, ou nós, de amarras;;;

 

Yoann Bourgeois leva "circo existencial" a Lisboa e Porto

O drama da queda, a ausência de gravidade e a fuga em Yoann Bourgeiois

Estou dando uma olhada 

"Celui Qui Tombe" é o espectáculo que o coreógrafo, bailarino, actor, malabarista e acrobata francês traz ao Coliseu do Porto e ao Teatro São Luiz. Ao GPS, explica o conceito do trabalho e confessa-se fã de Peter Pan, Fernando Pessoa e... do vinho do Porto.

Dirigido a todas as gerações, Celui Qui Tombe [Aquele que Cai] chega a Lisboa pela mão do FIMFA já depois de passar pelo Coliseu do Porto, a fechar o festival Dias da Dança. Porém, o seu autor, o francês Yoann Bourgeois (que dirige o Centre Chorégraphique National de Grenoble), foi peremptório a dizer ao GPS que o teatro-dança não é o seu território: "Identifico-me mais com o circo tradicional (que baseia a sua dramaturgia em cenas intensas, vigorosas) do que com o novo circo (que baseia a sua dramaturgia no momento narrativo)." 

Fã de vinho do Porto, "que bebe, pelo menos uma vez por semana, enquanto contempla as montanhas", e de Fernando Pessoa, cujo Livro do Desassossego, do heterónimo Bernardo Soares, traz "sempre" consigo, Bourgeois - que é também acrobata, malabarista, bailarino e actor - vem pela primeira vez a Portugal para operar este "circo existencial" (para todas as idades), no qual seis artistas enfrentam o perigo de cair - ou "o drama da queda", como ele prefere chamar-lhe, "porque a queda conduz à imobilidade", o que significa que a morte é sempre "a grande questão". 

Biographie d'Yoann Bourgeois


Acrobate, acteur, jongleur, danseur Yoann Bourgeois est avant tout Joueur.  

Il grandit dans un petit village du jura.A l’école du cirque plume, il découvre les jeux de vertiges. Plus tard, il sort diplômé du Centre National des Arts du Cirque de Châlons-en-Champagne qu'il aura traversé en alternance avec le Centre National de la Danse Contemporaine de Angers. Il collabore avec Alexandre del Perrugia, avec Kitzou Dubois pour des recherches en apesanteur.


Il devient ensuite artiste permanent du Centre Chorégraphique National de Rilleux-la-Pape, compagnie Maguy Marin où il oeuvre pendant quatre années autour de l’incessante question de l' "être ensemble". Aguerrit des reprises de May B et Umwelt et de deux créations (Turba, 2007 et Description d'un combat, 2009) ses armes en 2010 sont toutes prêtes pour entamer son propre processus de création.C'est à ce moment qu'il initie l'Atelier du Joueur, centre de ressource nomade pour le spectacle. 

quarta-feira, 13 de junho de 2018

Arte Paris vê sem polêmica "La Bête", performance alvo de ataques no Brasil, por Fernando Eichenberg







Apresentação da performance “La bête”, de Wagner Schwartz, no Palais de Tokyo, em Paris.    Fotos: ©Fernando Eichenberg

FERNANDO EICHENBERG / O GLOBO
PARIS – O artista Wagner Schwartz é um sobrevivente do linchamento virtual, “uma definição atualizada de tortura”, como ele mesmo explica, para facilitar a compreensão da dolorida experiência. No último fim de semana, o Palais de Tokyo, celebrado espaço de manifestações de arte contemporânea da capital francesa, foi palco de um importante capítulo da história de sua sobrevivência artística e pessoal. Como um dos nomes convidados do festival internacional “Do disturb”, Schwartz apresentou nos três dias do evento sua performance “La bête”. Paris acolheu a primeira apresentação da obra desde a incendiária polêmica surgida no Brasil, em 2017.
A performance inicia com o artista, nu, manipulando uma réplica de plástico de uma das esculturas da série “Bichos”, da artista brasileira Lygia Clark (1920-1988). Na sequência, o público é livre para participar, moldando as mais diferentes formas com o próprio corpo do artista. Para quem não sabe ou não lembra, a cena isolada de uma criança, acompanhada da mãe, tocando o pé do artista durante a performance realizada na abertura do 35º Panorama de Arte Brasileira, no Museu de Arte Moderna (MAM) de São Paulo, em 26 de setembro, foi registrada e jogada no caldeirão da internet, deflagrando uma onda de agressões, ofensas, protestos e inflamados debates dentro e fora das redes sociais. Schwartz foi acusado de ser “pedófilo” e teve, inclusive, de prestar depoimento na 4ª Delegacia de Polícia de Repressão à Pedofilia.
Por tudo o que passou, o artista confessa que “lidava com o medo e o desejo” de reestrear “La bête”, o que fez do primeiro dia da performance no festival parisiense um momento singular:

Compagnie XY